quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Lua de Mel - 28 de Agosto de 2008

JERUSALÉM - 2º dia


Acordamos cedo e fomos tomar café. O corpo depois de uma tarde de sono no dia anterior parecia estar se acostumando com o fuso horário de +6 horas.

O café da manhã, como disse no post do dia 27, merece um capítulo a parte. É bizarro o pessoal comendo, principalmente os judeus. O pessoal além de tomar café da manhã, fazem marmitinha, ou seja, levam potes de plástico e enchem de pão, sucrilhos, etc, e garrafas dágua que enchem de suco! Verdadeira farofa!

Mais engraçado do que isso é o menu um pouco extravagante a meu ver: SALADA! Sim, eles comem salada no café da manhã! Tomate, milho, alface, peixe cru, broto de feijão, etc.... Quer conferir? Olha aí!



Depois de tomarmos café pegamos um taxi para o Museu Yad Vashem (museu do Holocausto).

Bom, eu não fazia muita questão de ir, mas nem disse isso ao Rafa, vamos sim, estou aqui para conhecer tudo que puder! E digo que não fazia questão de ir pelo seguinte motivo: já conheço o museu do holocausto de Londres e de Berlin. Tá bom né? Aliás fico impressionada com a quantidade de coisas que sobrou destes campos de concentração para criarem tantos museus imensos. Além disso, estivemos em Dachau, na Alemanha, um dos piores campos de concentração depois de Auschwitz e Treblinka. Então eu já tinha uma idéia bem detalhado do que foi essa barbárie. Mas tudo bem, estou alí e não custa nada conhecer o mais importante dos museus do Holocausto.

Foi um pouco chato para mim por dois motivos:

- é um ambiente carregado, e além disso eu detesto museu. Você caminha devagar durante em média 1 hora e meia e nem percebe, mas quando sai do museu está acabado. Poxa, eu estava em minha lua de mel e vou ficar assistindo pela quarta vez uma história que todo o mundo quer esquecer? O problema dos judeus, e do meu marido sendo um deles, é que eles jamais querem que o mundo esqueça o que aconteceu, eles querem que isso seja vivido e relembrado para sempre, para que nunca mais se repita esta atrocidade. Em parte acho que estão certo, pois a nova geração já não conhece muito esta história e nem quer se aprofundar no assunto. Hoje já existem correntes no mundo que negam a existência do Holocausto. Tem louco para tudo né?

- mas eu não estava muito bem alí não só pelo ambiente carregado, mas também por um motivo de força maior. Sem gozação, vocês não vão acreditar mas eu tive um piriri assim que pisei em Israel e que durou 3 dias! Conheci todos os banheiros públicos de Jerusalém, conheci a cidade velha com um rolo de papel higiênico embaixo do braço (hahahah, vocês acham que esses banheiros teriam papel?). Então eu estava com muitas cólicas, sentia vontade de ir ao banheiro a cada 30 minutos, imaginem como eu estava neste museu?

Anyway, o lugar é lindo, tem uma vista maravilhosa de Jerusalém, e acreditem ou não fora do museu é uma paz divina! Tem um jardim onde eles plantaram uma árvore para cada pessoa que ajudou os judeus nesta época, como Schindler.



Vista do Yad Vashem





Saímos dalí, pegamos outro taxi e fomos para a cidade velha. Como já era hora do almoço, o sol já estava de doer, resolvemos almoçar e esperar aquele sol a pino abaixar um pouco. Fomos almoçar no mesmo restaurante em que jantamos no dia anterior, já que tínhamos gostado tanto. Lá eu tinha visto o pessoal tomando um drink do Hulk (todo verde), e perguntei ao garçom o que era, ele me explicou que era limonada com hortelã. Não hesitamos e pedimos duas! Uma delícia, muito refrescante. Gostei tanto que desde que voltei quando vou a qualquer restaurante sempre peço isso agora, muito bom (mas tem que ter bastante hortelã!!!Rs).







Saindo do restaurante eu já estava de saco cheio de procurar um banheiro a cada 5 minutos, resolvi colocar a máscara da coragem e fui na farmácia explicar para o israelense sobre o meu problema e pedir socorro! Quando ele entendeu me disse assim:"Stop it?" e eu respondi, "sim, é isso mesmo, algo para parar o piriri (em inglês)". Na verdade ele estava falando do nome do remédio. Quando ele me deu, eu e Rafa caímos na risada, não aguentamos, paramos no meio da farmácia para tirar foto!



Depois de tomar o remédio, que só fez efeito no final do dia, fomos em direção à entrada da Cidade Velha. Lá um primeiro guia nos abordou. Não fomos muito com a cara dele, e árabe é tudo malandro (sim, coisas turísticas somente os árabes fazem), e resolvemos seguir em frente. Era coisa de Deus, porque demos 2 passos e veio o Ibrahim, que viria a ser nosso guia por todo o dia e um amigo também. Para nos sentirmos seguros, ele ofereceu irmos na loja da família dele. A loja era de um sobrinho dele, vendia jóias e tapetes e num canto alguns poucos souvenirs. O cara está milionário, me disse que até Raí (o jogador de futebol), foi comprar tapete com ele! Nos levaram para a salinha vip, fechada no fundo, onde ficam os tapetes interessantes, onde o mais barato custava 10 mil dólares. Claro que ficamos com medo no começo, mas fomos entendendo que aquilo era um gesto cordial, de um povo amigável e receptivo.

Nós na entrada da Cidade Velha, antes de sermos abordados pelo guia



O guia e a loja

Eles ficaram sabendo que era nossa lua-de-mel e ficaram felizes, e nos convidaram para tomar uns drinks depois do tour.... E fomos em direção ao tour.

Aconselho muito ter um guia na Cidade Velha, pois tem coisas que passam desapercebidas. A cidade foi reconstruída 7 vezes, então se você não tem um guia para te mostrar por exemplo, do lado do seu pé, o topo de uma coluna, te mostrando que existiu uma cidade muito mais embaixo daquilo que você está pisando, você perde muita história.

Andar pelas ruelas de Jerusalém (Cidade Velha) é incrível, você pensa quanta história, quantos personagens da história passaram por alí. Fizemos os três quarteirões (judeu, armênio e cristão), e cada passo que dava era uma história bíblica sendo recordada na minha mente. É muito legal, uma emoção incrível. Passeamos muito, um calor insuportável, fomos no Santo Sepulcro, nas estações da via crucis, no primeiro templo, etc... A cidade é pequena, mas um labirinto. Em cada canto, uma lojinha árabe, tudo muito sujo, destruído (uma pena). Já no quarteirão judaico tudo limpo, conservado, maravilhoso. E tudo isso tem explicação, e não é só dinheiro. Mas tem a ver com o Muro das Lamentações, que na verdade é a única parte de uma das paredes do antigo templo (o segundo templo) que está exposta. E tem um significado muito especial este muro/templo, este significado é que torna Jerusalém uma briga eterna entre árabes e judeus, não só pelo território, mas o que isso significa. A explicação vem abaixo, mas por causa dela a cidade velha se tornou um lugar sagrado, e apesar da falta de infraestrutura, morar lá custa uma fortuna!

Vamos lá. A história é interessante.

Nas fotos de Jerusalém sempre se vê o Muro das Lamentações e o Domo da Rocha (a mesquita com a cúpula de ouro). A história é a seguinte: os judeus acreditam que bem abaixo do Domo da Rocha encontra-se a pedra da criação (Foundation Stone). Foi nesta pedra que o mundo foi criado, sendo a primeira parte da Terra a existir. Deus só criou o mundo quando pegou esta pedra e jogou onde ela foi fixada, e dela o mundo se expandiu. Ela é o ponto central do universo e neste ponto esteve o Holy of Holies ("O mais sagrado dos sagrados"). Foi aqui que Deus juntou a terra que criou Adão. Foi nesta pedra que Adão - e posteriormente Cain, Abel e Noah - ofereceram sacrifícios para Deus. Foi nesta pedra que Abraão trouxe seu filho Isaac para cumprir a ordem de Deus de sacrificá-lo (o que não viria a acontecer, Deus só testava a fé e obediência de Abraão). Esta montanha é conhecida como Monte Moriah em Gênesis 22.

Por fim, o lugar é especial, e o rei Herodes, querendo construir o segundo templo (já que o primeiro havia sido destruído em alguma das muitas invasões a Jerusalém), decidiu construí-lo com esta pedra ao centro. Uma das paredes deste templo está inteira de pé, e era a parede mais próxima desta pedra, e somente uma pequenininha parte desta parede está exposta, que é o Muro das Lamentações. Por isso é tão sagrado para os judeus, por isso eles vão lá e ficam se curvando, afinal o que há de mais sagrado no mundo está atrás daquela parede.

Aí, em 691 depois de Cristo, os árabes invadem Jerusalém. Antes de serem muçulmanos, eram judeus ou ateus... os muçulmanos acreditam em Adão, Abraão, Isaac, Jacó, Jesus, etc... a história é a mesma, só que em um momento eles tiveram seu messias (Maomé) e criaram uma nova religião. Masssssss, como antes disso a história é a mesma, eles também acham que o mais sagrado de tudo é esta pedra. E quando conquistaram Jerusalém, qual seria o melhor lugar para construir uma mesquita? Claro, em cima da pedra da criação. Então hoje o Domo da Rocha está exatamente em cima desta pedra. Entendeu agora porque todo mundo quer Jerusalém??? Fácil resolver isso né?

Mas o mais engraçado é que judeu é teimoso, e já que eles não podem acessar a pedra por cima (fica no quarteirão árabe, onde eles não entram), o que eles fizeram? Cavaram por debaixo da cidade e foram seguindo a continuação do muro das lamentações (o Western Wall - Portão Oeste do antigo templo), até que chegaram no portão que fica em frente à pedra da criação (mas não chegaram até ela). Mas isso fica para o post do dia seguinte, pois fomos nestas escavações.

Algumas fotinhas da cidade velha:

Ruela de Jerusalém





Escavando encontraram estas colunas....





Veja na parede o topo de algumas colunas, imaginem quanta história não existe lá para baixo!





Igreja do Santo Sepulcro (onde acredita-se que Jesus foi enterrado)



Eu não acredito, um lugar horrível, um clima pesado, feio, escuro... totalmente diferente da paz que senti no Jardim do Gethsemani, onde Jesus pregava (também assunto para amanhã - ponto máximo da viagem).

Agora imagine você se vendo em frente a esta pedra? Ou melhor, sabendo que atrás daquele muro tem algo muito mais que sagrado? É de arrepiar!

Depois deste dia cansativo, estávamos acabados, tudo que queríamos era ir para o hotel, tomar um banho e tirar o suór, fubá, etc.... Mas ainda faltava a última etapa do tour, que era a vista de Jerusalém pelo telhado do primo do guia... hahahahaha..... mas valeu a pena! Uma vista maravilhosa, super fresquinho, ficamos batendo papo com Jerusalém ao fundo.... que coisa de louco.


Vista do Telhado





Após esta visita ao telhado, resolvemos que iríamos embora. Mas o árabe teve um treco, como assim, e os drinks que combinamos no começo do tour? Meu primo está nos esperando na loja com os drinks, que desfeita! Parecia coisa de novela, aquele árabe bravo.... fomos né, fazer o quê? Não dava para arriscar! E foi ótimo, batemos um papão, demos muitas risadas com aqueles árabes que não se conformavam que no Brasil você não tem que dar 2 kilos de ouro e pagar 10 mil dólares para casar com a moça.... e quase morreram do coração quando dissemos que vivíamos juntos há 3 anos.... haahha, os caras me olhavam com cara de vadia, de "que mundo ocidental é esse, está perdido!"... mas foi engraçado!!!! Me fizeram muitas cantadas (isso antes de descobrirem que não casei virgem!), pareço meio árabe, então fui cantada a viagem toda, ainda bem que Rafa não é ciumento, chegavam até a beijar minha mão, oferecer camelos por mim. E minha cotação estava boa, afinal o dono da loja ofereceu 2 mil camelos, sendo que o normal é 250... uma piada.

Óbvio que eles tentaram nos vender algo, e óvbio que conseguiram. Não existe povo melhor para fazer negócio do que árabe! Eles adoram negociar, e não perdem uma venda por nada! Mas o mais legal é que o dono da loja vendia jóias confeccionadas pelo designer da HStern (que lá é mais famosa que aqui), e percebeu que eu não compraria nada, então eu comecei a espremê-lo e ele me mostrou a lista de preço das jóias... Compra anéis por mil dólares e vende por três mil.... hahahah. Coitado dele, me abriu todos os preços (me mostrou a lista de preços!!!) e inclusive de um anel que eu amei, de pedra turquesa e diamantes, maravilhoso! Aí não teve jeito, ele me vendeu por preço de custo! Hahahha

Olha o anelzinho de 3 mil dólares (que custou 1 mil doláres para ele) que eu queria, mas fiquei com um mais baratinho!!!




Saindo de lá estávamos acabados, sem condições para nada! Fomos direto para o hotel e capotamos. E meu piriri chegava ao final, graças ao STOP IT!!!!
O dia seguinte nos proporcionaria momentos muito agradáveis, muito emocionantes. Assim que possível volto com o dia 29 de Agosto!

2 comentários:

Sol disse...

nossa eu sou muito sem noção, não fazia idéia dessa pedra, aliás nunca ouvi falar
gostei de ver o café da manhã o remedio pro piriri e até do arabe bravo
por incrivl q pareça o seu post me deixou muito mais culta
ameiiiii
beijos

Renata Almeida disse...

quero iiiiiiiiiiiiir
li tudinho tudinho!
agora me falta o videoooo
desejando o terceiro dia ja!
beijooooooooo