terça-feira, 30 de setembro de 2008

29 de Agosto - Jerusalém

Este dia foi maravilhoso! Acho que o melhor dia da lua de mel!Acordamos, tomamos café da manhã (sem salada!!!) e fomos em direção ao hobby do hotel para pegar um táxi para o Monte das Oliveiras.

No dia anterior, um senhor muito engraçado e fofo (judeu), daqueles que te pegam forte pelo braço para falar sabe? nos abordou na porta do hotel perguntando se queríamos ir para Belém. Como em Belém só tem coisa católica, nem eu nem Rafa tínhamos a intenção de ir até lá, fora que Belém fica do lado árabe de Israel (no território que a Palestina alega ser dela), e onde passa o muro que Israel construiu há alguns anos atrás e que foi muito criticado mundo afora, mas depois de construído, quase não se ouviu falar mais de atentados terroristas em Israel. O fato é que ir para Belém significa cruzar esse muro, tem checagem de passaporte, stress, revista, etc.... não queríamos nada disso!

Por fim, no dia seguinte, hoje, ele nos abordou novamente. E nem lembrava quem nós éramos. Aí eu disse: “Não lembra de nós não? Ontem você tentou ganhar um dinheirão em cima de nós para nos levar para Belém!!!” E ele começou a rir e se lembrou. Por fim perguntei se ele nos levaria para o Monte das Oliveiras. Ele nos explicou que não era taxista (apesar de ter um táxi!), que ele só fazia trabalho de guia turístico, e que se nós quiséssemos, ele nos levaria para o Monte das Oliveiras, Jardim do Gethsemani, Túmulo de Davi, Local da Última Ceia, etc.... Concordamos, e foi a melhor coisa que fizemos, ele era uma pessoa abençoada, nos emocionava com as descrições, nos mostrou coisas que se tivéssemos ido sozinhos jamais teríamos percebido.

E fomos.

Logo no começo, bem em frente ao hotel, ele nos disse que aquela avenida larga que víamos ali era a única de Jerusalém (e é verdade, tudo é pequeno e estreito, por ser uma cidade muito antiga), pois ali no passado havia um muro, uma fronteira, pois a cidade era dividida em duas. Ele disse que as pessoas nem sabem disso, ou não se lembram, mas ele sim, pois vive ali há 54 anos e se lembrava do muro quando chegou em Jerusalém, mostrando que a história de separação entre judeus e árabes é antiga.....
Larga avenida em Jerusalém onde havia uma muralha dividindo a cidade

Antes de chegarmos no Monte das oliveiras, ele nos levou em uma parte alta da cidade, com vista para o Deserto da Judéia. Lá de cima é possível ver o Muro construído por Israel passando no meio da estrada. Em seguida fomos em direção ao Monte das oliveiras, região próxima da Cidade Velha (para os padrões de hoje), com uma vista linda para a mesma, e dominada por palestinos.

Vista do Deserto da Judéia
Vista do Deserto da Judéia com a estrada que é cortada ao meio pelo Muro que Israel construiu

Chegando lá já senti uma emoção muito forte, lembrei muito das minhas leituras da bíblia, lembrei do filme do Mel Gibson (Paixão de Cristo, como não se lembrar?), pensei em Jesus sendo preso ali, quando Judas o traiu, pensei em tanta coisa, senti uma leve presença ali, mas suficiente para me emocionar, fiquei com vontade de chorar mas me segurei! Tiramos algumas fotos com a Cidade Velha ao fundo.
Nós no Monte das Oliveiras com a Cidade Velha atrás

Logo abaixo do Monte existe um cemitério que está ali desde a época de Cristo, um cemitério judaico, que só quem tem muito dinheiro pode ser enterrado ali, um túmulo custa 250 mil dólares (!!!). E existe uma razão. Os judeus, assim como os católicos, acreditam que quando o Messias vier (ou voltar), os primeiros a serem ressucitados serão os que estiverem enterrados ali.
Monte das Oliveiras, Cidade Velha atrás, e abaixo o cemitério
Nos mostrou também o Golden Gate (Portão de Ouro), que é uma das portas da Cidade Velha. Mas é um portão fechado, com parede. Acredita-se este portão vai se abrir somente quando o Messias voltar.
O Golden Gate, portão que será aberto pelo Messias
Ficamos ali mais um pouco e andamos um pouco descendo o monte (morro), para chegar no Jardim do Gethsemani, várias vezes citado na bíblia, local onde Jesus passou grande parte do seu tempo quando chegou a Jerusalém. Toda essa região fica do lado de fora da Cidade Velha, que é cercada por uma muralha. Hoje existe civilização fora dela, mas naquela época não, havia somente o Monte cheio de oliveiras e esse jardim mais abaixo, bem próximo do Golden Gate, uma das entradas da Cidade Velha.
Jardim do Gethsemani, onde Jesus pregava a seus discípulos

Chegando lá foi uma emoção só. Neste jardim existem alguns pés de oliveiras, que segundo conta a lenda (que eu acredito ser verdadeira pelo que vi e senti ali), que Jesus as plantou e cuidou das mesmas, e pregava aos seus discípulos sentado nas pedras ao lado, onde construíram uma igreja há uns 200 anos. A lenda conta que ninguém cuida dessas oliveiras, não regam, não podam, não fazem nada, mas elas são imensas, troncos gigantescos de largos, bem envelhecidos, retorcidos, e até hoje elas produzem (estavam cheias de olivas). É simplesmente tocante, emocionante, sentia um frio na barriga que não consigo descrever aqui, sentia Jesus me recebendo ali. O guia disse: “Olhe para essas árvores, elas estão aqui há mais de 2 mil anos... pense que se elas pudessem falar, elas contariam a história de Jesus, tudo que se passou aqui neste jardim, onde Jesus foi tentado pelo demônio pela última vez!”. Vixe, estava tão emocionada, mas não queria demonstrar.... O guia achava que nós dois éramos judeus, não tinha idéia que eu creio em Jesus, então eu me segurei um pouco.... não queria ficar dando explicações. Mas mais para frente, eu desabaria (já conto), e ele me disse que é normal, que leva ali muitos judeus e mesmos ateus que não acreditam em nada e todos choram....
As oliveiras de 2.000 anos


As oliveiras continuam crescendo, é impressionante. Eles precisaram colocar grades para segurar as raízes que não pararam de brotar em qualquer canto. Toquei uma delas, toquei algo tocado por Jesus, fui tocada por Ele, senti isso.... muito forte. Pedi só uma coisa. Pedi pelo meu pai. Pedi que Jesus olhasse por ele. É uma longa história essa do meu pai, mas é algo que me toca muito, me faz sofrer muito, não vou entrar em detalhes, mas o que eu mais quero no mundo é resolver a situação dele. Ele também, tenta muito o pobre, eu ensinei a forma de alcançar uma graça para ele há uns 3 anos atrás. Disse que quando eu quero muito algo eu faço uma promessa e começo a por em prática no mesmo momento, mostrando a Jesus o sacrifício que faço em busca de uma graça. Meu pai está há 3 anos sem tomar cerveja, coisa que ele adora. E a graça dele ainda não foi alcançada. Mas ele não desiste, nem eu. E ali naquele momento só fiz pedir a Jesus que considerasse um pedido simples de um pobre homem, que deu a vida trabalhando para cuidar e criar as filhas, e que no fim da vida, não merecia a situação que se encontra. Pedi que Ele tivesse piedade.

Ele me respondeu. Eu não gostei da resposta. Mas acatei. Tudo é no tempo Dele, não no meu.
Mas voltando.
Seguimos em direção à igreja. É do ladinho mesmo. Construíram a mesma para preservar as pedras onde Jesus e seus discípulos ficavam, então dentro da igreja estão todas elas, na verdade somente duas. No altar, bem ao centro, a pedra onde Jesus pregava. Ao lado, a pedra onde Pedro ouvia a tudo atento. O coração já estava saindo pela boca gente! E estava rolando ali uma missa. Não era católica, evangélica, ortodoxa, nada disso. Era uma mistura de tudo. Até música judaica eles cantaram (era uma igreja pequena mas bem aconchegante, com todos os turistas de várias religiões cantando, estava lindo e mais emocionante ainda), e Rafa arregalou os olhos quando a música judaica tocou, olhou para o guia e este disse: “Aqui só existe paz e harmonia!”.
A pedra onde Jesus se sentava para pregar aos discípulos, no centro do altar

Uma das pedras onde os discípulos sentavam para ouvir

De repente as pessoas começam a se organizar em fila, não estou acreditando no que estou vendo. É uma fila para comunhão. Comunhão em Cristo. E NUNCA senti uma presença tão forte Dele, com certeza Ele estava ali. Na hora entrei na fila. Rafa filmando tudo. Meu coração explodia, minhas pernas tremiam. Eu não acreditava que estava vivendo aquilo. E comunguei, e fui me sentar, fechei os olhos e me pus a orar. Não agüentei, chorei muito, como uma criança. Agradeci as milhares de graças alcançadas e as bênçãos que recebi. Agradeci a tudo. Pedi por mim, por Rafa, por nossa família a ser criada, pelos meus pais, por todos aqueles que se encontravam em aflição naquele momento, para que recebessem o conforto em seus corações.
Eu, no auge da emoção

Depois de me recuperar, saímos dali e passamos novamente do lado das Oliveiras. Ao lado delas, um pé de jasmim, que cheirava maravilhosamente bem, nunca vi aquilo, que perfume! Peguei um raminho e guardei, levo-o comigo agora a todo canto. Secou e não cheira tanto mais, mas durará para sempre, eternizará o momento que vivi ali. Tenho vontade de voltar a Jerusalém só para voltar ali!

Dali fomos para o local onde Pedro negou Cristo três vezes antes do galo cantar (quem não sabe a história vai ler a bíblia ou joga no google!). E eu tinha que explicar tudinho em detalhes para Rafa, que não conhece nada dessa história!
Local onde Pedro negou Cristo três vezes

Em seguida, muito próximo dali, estava a prisão onde Cristo ficou antes da crucificação. È um lugar interessante, pois os romanos eram muito inteligentes e a arquitetura do local é impressionante, eles naquela época já pensavam em tudo!
Prisão de Cristo

Dali pegamos o carro, ele foi nos mostrando os arredores da muralha da Cidade, cheio de buracos onde viviam os pobres que não conseguiam entrar dentro da Cidade Velha.
Buracos onde os pobres, impedidos de entrar na Cidade Velha, viviam
Mostrou também o local onde ficavam os leprosos (fora da cidade também, óbvio), e que Jesus ia sempre visitá-los e tratar de suas feridas.
Local onde os leprosos eram enviados
A região perto das cavernas dos leprosos até hoje não é habitada

Fomos então conhecer o túmulo de David (que fica no Monte Sion). Um local mais judaico, desnecessário mencionar. Orei ali um pouquinho mais.
Túmulo do Rei David

Em seguida, o local da Santa Ceia, a última ceia de Jesus com seus discípulos, onde previu e anunciou que dentro todos ali, um seria o seu traidor/delator, e quando Pedro achou aquilo um absurdo, ele disse que o próprio Pedro o negaria três vezes antes do galo cantar, o que aconteceu e Pedro se arrependeu profundamente.
Local da Santa Ceia

Do lado há uma igreja, e abaixo da mesma está enterrada Maria, mãe de Jesus. Não gostei, achei carregado demais.... Acima de seu túmulo há a sua estátua deitada e dormindo, pois segundo o guia, os católicos acreditam que ela não morreu, que só está descansando/dormindo.
Túmulo de Maria, mãe de Jesus

Depois disso (quanta coisa!), ainda tínhamos que correr pois tínhamos uma reserva para conhecer o subterrâneo do Muro das Lamentações, as escavações para chegar perto do portão do antigo templo, que é o mais próximo que se pode chegar da Pedra da Criação, mencionada no post anterior.
Corremos, chegamos, compramos o ingresso e esperamos o começo do tour pelo subterrâneo. Foi muito interessante, descer tanto e saber que embaixo de tudo que se vê na Cidade Velha, existe muita mais coisa. Foi muito legal, chegar no local mais próximo da Pedra da Criação.... ás vezes nem acredito que vivi tudo isso!

Esse foi o segundo templo, construído pelo Rei Herodes, que foi destruído. Reparem no muro da frente (Western Wall), após a ponte de arcos, na entrada principal do túmulo, vê-se uma parte mais esbranquiçada. Esta parte é o Muro das Lamentações.
A Parte esbranquiçada é o Muro das Lamentações, ou a parte do Western Wall que é visível. Foram feitas escavações que permitem que você ande pelo subterrâneo por toda a extensão do Muro, e que chegue no portão principal, bem em frente do templo onde ficava a pedra da criação.
As escavações e uma parte do Muro
As escavações e nós caminhando por toda a extensão do Muro
Estamos bem próximos da Pedra da Criação, uma oração neste momento
Estava um calor insuportável, mas foi bom porque era shabat (sexta-feira, dia sagrado para os judeus, o país pára ao meio dia, ninguém mais trabalha!), então o Muro estava vazio e pude ir até lá orar, encostada naquela parede alta e tão antiga, que mesmo com aquele calor era fresca, refrescante. Entre as pedras deste muro existem frestas onde as pessoas colocam pequenos pedaços de papel com pedidos de graças.... fiz o mesmo. Pedi por Rafa e eu, e pedi por meu pai.
A parte visível do Muro (aquela esbranquiçada na foto acima), onde é possível as pessoas se aproximarem e orarem
O lado feminino do Muro (sim é separado!)
Os papéis com pedidos
Saímos dali e fomos almoçar hambúrguer, kosher é claro! Para os que não sabem, kosher é a comida judaica, preparada seguindo os seus costumes, e sempre inspecionada por um rabino. Por exemplo, judeu não come nenhum animal que coma restos de outro, por ser impuro, como porco e camarão. E não misturam de jeito nenhum leite com carne. Então o hambúrguer kosher com certeza não tinha queijo. O mais engraçado é no McDonalds, eles te perguntam 3 vezes quando você pede para por queijo, para ter certeza.. qualquer lanche deles é padrão vir sem queijo (imagine um Cheddar McMelt sem cheddar? Não dá né?).

Fomos então fazer as compras dos olhos turcos, prato para a minha coleção de parede (compro em todos os lugares que vou), algumas coisas judaicas para proteção, óleo de unção (coisas de evangélico que eu amooooooo), etc...
Mercado árabe dentro da Cidade Velha
Coca-cola light árabe (dentro da Cidade Velha você escolhe se quer tomar a judaica ou árabe, hahahaha)

Em seguida, fomos fazer a via Crucis (via dolorosa), caminho que Jesus percorreu carregando sua cruz. Confesso que o caminho nem é tão extenso, mas é muito difícil. Mais uma vez agradeci o sacrifício que Ele fez para nos salvar, com certeza não foi nada fácil.
Via Crucis/Dolorosa
Uma das estações da Via Crucis, onde Jesus caiu pela primeira vez
Procissão que acontece todas as sextas-feiras, percorrendo o caminho da Via Crucis (alguns carregam a cruz para cumprir promessas)

Depois de tudo isso, já eram quase 6:30 da tarde, um calor, estávamos esgotados, hora de voltar para o hotel. Chegamos, tomamos um banho, e descansamos, afinal no dia seguinte Massada e Mar Morto nos esperavam, e eu já sabia que o esforço físico e o calor seriam absurdos. Volto com mais um capítulo depois!

Segurança nunca é demais né?
PS: Algumas observações:
- Levei 2 horas para escrever o post, fazer upload e organizar as fotos. Neste ritmo demorarei 1 mês para escrever toda a lua de mel.
- Amanhã pego o DVD do casório. Imagina se não passarei a madrugada de sábado em claro assistindo repetidamente!!!
- Sol, porque você deletou seus blogs? Como vou saber de você agora? Gente, eu entro todo dia no blog de todo mundo viu, só não consigo deixar recado, mas não perco nada de nada!
Beijos

2 comentários:

Sol disse...

nossa como eu me emocionei com o q você falou, principalmente sobre as oliveiras q ainda estão vivas que coisa mais lindaaaaaaaaaaa
achei bacana a parte do mercado as coca-colas q vc escolhe o queijo q os judeus não misturam com carne...
Adorei e devorei cada pedaçinho do q escreveu
não sabia nada sobre judeus, to aprendendo por aqui e adorando descobrir coisas novas, muiiiiiito show esses seus posts
beijosssssssssssssssssssssss

Renata Almeida disse...

ai ai..
eu precisava desse post hoje...
chorei com cada detalhe seu. e buf...tenho que ir até ai...
um beijo bem apertado!