segunda-feira, 13 de outubro de 2008

dia 30 de Agosto - Massada e Mar Morto

Lua de Mel - 30 de Agosto - Massada e Mar Morto

Acordamos bem cedo para irmos para Massada e Mar Morto. O motorista nos pegou no hotel e pegamos estrada (mais ou menos 2 horas) até Massada e Mar Morto.

No caminho, pela estrada, só deserto por todos os lados, incrível como esse povo sobrevivia no passado. Pela estrada também existem placas que vão indicando que você está descendo cada vez mais abaixo do nível do mar. Jerusalém está a 800 metros acima do nível do mar, e o Mar Morto está a 400 metros abaixo do nível do mar. É um dos pontos mais baixos do mundo, por isso, a salinidade deste mar é muito grande, o que impede que qualquer vida exista alí, e é também por isso que seu nome é Mar Morto, pois não tem vida. A quantidade de sal é tão absurda que você não afunda por nada, é muito engraçado, você fica boiando de qualquer jeito, tem afundar e não consegue, as pessoas tiram foto lendo jornal dentro da agua, pois não afunda. Mas já conto mais detalhes, vamos falar de Massada.

No caminho, na estrada, a marca do nível do mar (zero)




Massada fica na beira do Mar Morto. Hoje já não tem mais água perto de Massada, pois como o Mar Morto está secando e sumindo, ele foi recuando com o passar do tempo, então logo abaixo de Massada tem somente pedras. Massada fica no topo de uma montanha, e lá de cima você vê o Mar Morto.

Massada fica lá em cima, a muitos metros de altura (400m)


Vou explicar o que é Massada, mas seria interessante que vocês entrassem no wikipedia para entender em detalhes. Resumindo, quando os romanos invadiram Roma, eles começaram a matar todo mundo. O rei Herodes (aquele mesmo do post anterior, que construiu o segundo templo de Jerusalém) convocou uma parte da população (4 mil pessoas) e fugiu de Jerusalém, descendo até o Mar Morto. Lá resolveram construir uma fortaleza em cima da montanha, chamada Massada. Era uma verdadeira cidade, tinha estrutura de água, esgoto, agricultura, casas, quarto de banho, sinagoga, teatro, etc. Não saíam de lá por nada e destruíram todo acesso que permitia a subida. Estavam protegidos alí. Os romanos os descobriram mas não tinham como subir, então montaram acampamento no pé da montanha e ficaram alí durante 10 anos, enquanto construíam uma rampa para subir e conquistar a fortaleza. Massada é o símbolo da resistência judaica, um dos pontos mais importantes de Israel para os judeus, é símbolo de força e amor à religião. E sabe porque? Eles assistiram durante 10 anos os romanos alí vivendo e construindo a rampa. Quando os romanos finalmente conseguiram chegar lá em cima, encontraram as 4 mil pessoas mortas, todas haviam se suicidado. Eles preferiram morrer a se entregar. Por isso é considerado um símbolo de resistência.

Obviamente, para subir lá no topo, existem 2 opções. Ou pelo caminho mais difícil, conhecido como trilha da cobra, um caminho dificílimo com muitos e muitos degraus, cheio de curvas, penhascos, etc... bem coisa de aventureiro... ou pela rampa dos romanos, que é bem mais fácil. Mas todos que vão alí e têm fé, querem subir ou descer pela trilha da cobra, como prova de fé e respeito ao sacrifício dos demais. Recentemente eles colocaram um bondinho, e todos aqueles que não querem provar coisa nenhuma, amaram a idéia. É coisa para turista sabe, judeu mesmo tem que sofrer para subir. Como Rafa já tinha ido 2 vezes a Massada, e já havia subido pelo lado romano e pela trilha, conhecendo meu preparo físico de elefante, me disse que ele quase tinha morrido, que seria melhor subirmos de bondinho e descermos pela trilha da cobra. Parece que foi fácil descer né? Já conto sobre isso...

A vista de dentro do bondinho, enquanto subíamos
O quadrado que se vê na foto era o acampamento dos romanos
Então subimos de bondinho. Chegando lá em cima, logo na entrada da cidade, tem um bebedouro gigante de água trincando de gelada, e ao redor dele, em uma sombra, um grupo de pessoas passando mal, já que haviam subido pela trilha da cobra.... e fomos então conhecer a cidade. Realmente era uma cidade. Apesar de ser deserta e seca, eles cultivavam até agricultura alí. Tinham formas inteligentes de capturar água e armazenar por muitos meses, tinham animais, todo tipo de alimento. Até uma sinagoga e sauna coletiva eles tinham, sauna gente, dá para acreditar? O sistema é tão inteligente que vocês não imaginam. E andamos lá em cima só um pouco, pois como disse, Rafa já conhecia. E o sol começava a ficar forte, eram somente 10 da manhã e já estava insuportável ficar alí.... um calor inexplicável. E o sol queimava, haja sundown..... e virava aquela meleca, passa sundown, começa a suar, eca.....
Ruínas da cidade de Massada
Ruínas da cidade de Massada
Ruínas da cidade de Massada (Mar Morto ao fundo)
A Rampa construída pelos romanos durante 10 anos (bem mais fácil subir ou descer por ela!)
E a hora foi passando e quando foi 11:30 estava na hora de descer. Como somos muito inteligentes, escolhemos o melhor horário para descer, sem boné, sem sombrinha, sem nada. Só muito calor e um sol de matar, que me deixaria muito queimada e a partir dalí não estaria mais branquela nas fotos...
Ínicio da trilha e aviso sobre o que estava pela frente
No começo da descida, toda sorrindente (mal sabia eu...)
Começamos a descida. Logo no ínicio a placa diz que a descida leva em média meia hora. Hahahah, só se for para um maratonista.... descemos rápido e demoramos mais de uma hora. Tudo bem que fizemos uma parada de uns 15 minutos, mas foram só 15 minutos (santos 15 minutos!!!). E começamos a descer. E eu preparando o meu psicológico de acordo com a placa dos 30 minutos, só ficava olhando o relógio e falava: “só faltam mais 20 minutos”.... Olhava para cima e via o quanto já tinha descido (impossível subir denovo), olhava para baixo e quanto mais eu descia, mas parecia que estava faltando para chegar. São degrais de pedra, escavados na própria montanha. Não dá para descer tranquilo, requer muita atenção, tem muitos buracos.... e descemos, descemos, descemos.... que calor meu Deus..... nenhuma sombrinha, nada... pq eles não colocam pelo menos um guarda-sol no caminho? Se você passar mal alí tá ferrada, pq subir devolta é impossível (vc fica acabada só de descer), e até alguém chegar lá para te salvar já era..... O calor começou a me devorar, o sol ardia forte na pele (mesmo com protetor). Até levantei a blusa um pouco para queimar a pança... hahahah... mas era muito calor. Quando chegamos lá embaixo, fomos entrar no carro que estava na garagem, na sombra, e a temperatura do painel marcava 39,5 graus, imagine na descida, devia estar no mínimo uns 42. E dale descida.... começo a sentir os primeiros sinais de desgate físico. Minhas pernas tremem sem parar, não tenho mais controle sobre elas.... se parar é pior, diz Rafa, com suas pernas também tremendo (mas tremia muito gente, parecia Elvis Presley dançando), tem que descer no embalo. Ok, ok, vamos continuar... afinal, quem quer parar num solão daquele..... se pelo menos tivesse uma sombrinha.
. Eu já estava passando mal, já comecei a chorar, chorar mesmoooooooo, achava que eu ia morrer.... que não conseguiria chegar ao fim, e até alguém me resgatar alí eu teria um treco... depois de talvez uns 30 minutos descendo sem parar, Rafa me mostra um quiosque abaixo, na trilha, quase chegando ao final da mesma, e me diz: “Aguenta que a gente faz uma parada lá na sombra para descansar”. Mas o tal do quiosque parecia tão perto e não chegava nuncaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa............ que foi aquilo, inexplicável, cheguei literalmente no limite do meu corpo, vocês não fazem idéia do desespero que foi, por isso o choro. Por fim chega o bendito quiosque. Os 10 últimos passos até ele foram os mais longos que dei (mas ainda mais curtos dos que os 10 últimos que dei para chegar até o final da trilha, quase me jogando no chão).... e assim que sentei, na sombra, acabada, sentia tanto calor (quando a gente pára parece que o calor fica maior ainda) que fiz uma loucura, ranquei a blusa, fiquei só de saia e sutiã.... não estava nem aí.... vi que não tinha ninguém descendo a trilha (só nós mesmo, dois loucos!), mas o pessoal que passava de bondinho via tudo. E eu estava preocupada? Rafa diz que eu devo estar cansada e desesperada mesmo para fazer aquilo, damos risada, ele oferece a água, mas com o calor que estava (maior que a minha sede), joguei a água no pescoço, deixei escorrer pelo peito (aquelas cenas de filme pornô, hahahaha). Comecei a querer vomitar, estava mal gente, realmente testei os limites do meu corpo, e cheguei a conclusão que sou muito sedentária, hahahaha. Ficamos alí alguns minutos, uns 15 ou 20 talvez, depois de algum tempo comecei a me refrescar, não fiquei fresca, mas um ventinho ajudou. A vista para o Mar Morto lá embaixo me deu ânimo, só pensava naquele banho de mar delicioso que ia tomar (mal sabia eu que a água do Mar Morto seria mais quente que o calor... afê.....)... força, vamos que falta pouco, diz Rafa.... hahahha pouco sim, me engana que eu gosto...
Na parada estratégica, onde ficamos por alguns minutos, depois de mais de 40 minutos descendo
Eu acabada!
VEJAM UM FILMINHOOOOOOO
Lá embaixo tem um quiosque, mostra ele, que vende suco, uma delícia, eu sempre comprei quando vinha aqui, é super refrescante, força... então vamos né... é só sair da sombra que o calor volta com força total.... a pele começa a doer de tanto queimar, o suor é tanto que cai no olho.... força, força, força.... começo a chamar por Jesus, “me dai força Snehor, me dai força Senhor”... o negócio começa a ficar feio, está quase acabando, vejo o quiosque em frente, estamos chegando. Quando chegamos nele, o bichinho está fechado, inacreditável..... achei uma mangueira, eu ia me molhar inteirinha, não estava nem aí.... Rafa me chama, vamos, falta pouco... mas não aguento, preciso ficar naquela sombra mais um pouco e preciso me molhar para aguentar.... fico com a mangueira aberta, aquelas de lavar carro, com uma pressão enorme, que até machucava se você colocasse a mão direto. O calor era tanto gente, que a mangueira ficou aberta uns 10 minutos e a água pegava fogo, não esfriava de jeito nenhum, já que a mangueira, que não sei de onde vinha, estava no sol até onde podia ver, e não esfriava. Nossa não estava acreditando. Mas resolvi criar coragem, fechei a bendita e vamos lá. Parecia que faltava somente um quarteirão, perguntei para o Rafa: “É só até alí mesmo?” E ele disse que sim, vamos... e fomos, gente, quando virei no caminho, achando que estava chegando, ainda faltava um pouco. Era pouco, tipo um quarteirão, mas o sol era tanto e meu desgate também, que achei que não fosse conseguir. Aos prantos, fui me arrastando, caminhando bem rápido porque se parasse desabaria. Lembra daquela cena de uma atleta em alguma maratona que no final ela ia toda torta, se arrastando para chegar, e quando chegou desmaiou? Pois é, eu estava quase assim.
E fui com tudo, quando cheguei na entrada, onde tem uma área coberta, com ar condicionado, restaurante, etc, me joguei num banco e fiquei alí uma meia hora sem me mexer. Acho que depois de uns 10 minutos alí, no ar condicionado, resolvi tirar uma foto do meu estado, dá uma olhada:
Eu mais acabada ainda quando cheguei lá embaixo. Nesta foto eu já estava no ar condicionado e sentada há uns 10 minutos.
Em seguida Rafa comprou uns sucos de Itú para nós tomarmos... foi muito refrescante. Depois de meia hora descansando, suquinho, dei uma geral no banheiro, lavei bem o rosto, coloquei biquini e fomos em direção ao Mar Morto.
Para refrescar e recuperar a energia, nada como suco de Itú!
Deu para queimar?
Eu só pensava naquele banho de mar refrescante.... naquele mergulho que mandaria aquele calor insuportável para longe. Ainda bem que pelo menos no carro tinha ar condicionado. Mal sabia eu que o mergulhinho no Mar seria ilusão.
Chegamos no Mar Morto, uma praia bonita, com alguns poucos hotéis deluxo (as pessoas vão para lá para se tratar, fazer tratamento de beleza), um restaurante e uma loja de produtos da AHAVA (adoro!!!), uma marca de cosméticos feitos a base de lama do Mar Morto, que é famosa por tratar a pele como nenhum outro cosmético, e essa marca além de ser muito cheirosa, é muito boa. Uso o creme para as mãos dela há mais de 5 anos, parece uma luva!Aí Rafa diz que vai comprar a lama do Mar Morto. É tradição você ir até alí e passar a lama negra no corpo todo e tirar uma foto. Eu acho o maior mico, não quero me lambusar toda, afinal tá MUITO calor. Mas ele insiste e eu deixo, não queria cortar o barato dele. Aí enquanto ele vai a´te a loja, resolvo dar meu mergulhinho, experimentar esse Mar engraçado onde ninguém afunda. Vou em frente, descalça. Os primeiros passos são difíceis, pois tem muita pedra no chão. Peraí, não é pedra não, é pedra de sal!!!! Que absurdo... E vou molhando o pézinho, fico pensando que as coisas vão melhorar, afinal as pedras estão machucando mais... mas isso não é o pior, o pior é a água, que está fervendo de tão quente, parecia que eu estava entrando em uma banheira de água quente, para relaxar depois de um dia difícil, mas detalhe que estavam 42 graus... E além disso aquele cheiro de enxofre, que parece ovo podre ou peido, como queiram, era muito ruim. Bom resolvo voltar e colocar a papete, não dá para entrar mais fundo, as pedras estão machucando. E faço isso. Volto, vou caminhando ao fundo. Não tem onda. Chego numa profundidade que posso me molhar inteira, se agachar, faço isso. E para fazer isso? Muito engraçado, é quase impossível mergulhar, quando você se joga para dentro dágua, ela te joga para cima, faz seu corpor virar, você tem que fazer um esforço imenso para ficar de barriga para cima, caso contrário a água te vira para baixo, e afundar nem pensar. Dá para colocar um bebê que ele não afunda. É engraçado. Mas não dava para ficar 2 minutos alí de tão quente, dava para cozinhar milho verde naquela água, hahahah. Saí e dei graças a Deus que tinha um chuveiro na praia, cuja água apesar de quente (tubulação no sol), estava deliciosa perto daquele mar. E Rafa chegou com a lama. Passei no corpo todo, dando muita risada, aí foi a vez dele, e depois a minha de pagar o mico de pedir para alguém tirar nossa foto. Mas conseguimos. Aí fomos nos lavar, e após algumas horas depois (hehehe) conseguimos tirar a lama, nos secamos, nos trocamos e entramos no carro rumo à Eilat, cidade israelense que fica na ponta sul do país, no Mar Vermelho (quanto mar diferente!!), e a cidade fica no meio do Egito e Jordânia, é a única saída de Israel para o Mar Vermelho (esse é aquele mar que Moisés abriu com o cajado lembram?).
Mar Morto (parece refrescante não?)
Eu inevitávelmente boiando! (e parecendo uma lontraaaaa)
O banho de lama....
Veja a diferença das cidades em relação ao nível do mar

Mas sabia eu que ainda estava para conhecer o inferno, se achava Massada e o Mar Morto muito calor, ainda estava por ver o que sentiria em Eilat. A viagem foi curta, talvez uma hora e meia, obviamente que dormimos o caminho todo, depois da descida de Massada, uma chuveirada e ar condicionado, qualquer um pega um soninho... hehehe... e só deserto para todos os lados na estrada. Chegamos em Eilat, cidade bonita, é tipo Maresias ou Guarujá, é um local turístico, com os melhores hotéis do Mundo na beira da praia, bem bonito mesmo. Quando desço do carro para pedir informações, meu Deus, que calor é esse? Sabe quando você tá secando o cabelo e o vento quente do secador fica na sua cara? Essa era a sensação constante em Eilat. A cidade é tão quente que existem ar condicionados gigantes na rua, fazendo vento gelado para refrescar um pouco, o que não adianta, pq assim que você sai de frente dele, ou coloca o braço para fora, você já passa um calorzão... A noite então, Jesus!!!
Chegamos no hotel, tomamos aquele banhão maravilhoso e fomos descansar um pouco, o corpo não aguentava mais nada, minhas panturrilhas doíam absurdo, era impossível andar sem parecer uma pata. Mas ainda sairíamos para jantar a noite, então o descanço era fundamental. Fomos jantar (e o calor a noite continuava de matar!) no Red Sea Star. É um restaurante que fica embaixo dágua, muito legal, você come vendo o fundo do mar, peixes diferentes, maravilhoso. Não dava para ver muito a noite, nos arrependemos de não ter ido de dia, mas mesmo assim foi muito legal. O Mar Vermelho tem esse nome pois algumas formações de corais exalam substâncias que o deixam avermelhado, e é um Mar com muita diversidade de espécies marinhas, diferente e coloridos peixes (daqui que saiu o NEMO), são peixes exóticos, coloridos, muita gente vai até lá só para mergulhar. O jantar foi demais, comi um camarão delicioso, adorei. Depois andamos um pouco pela orla marítima, vendo as luzes da direita da praia sendo o Egito e à esquerda a Jordânia. O calor estava forte, tomamos uma casquinha do Mac e voltamos para o hotel para dormir, afinal o dia seguinte nos reservava Petra, um dos melhores passeios de todos!
O restaurante Red Sea Star (dá para ver pelo reflexo na água que ele fica na água!)
A vista da janela (não dá para ver na foto mas dalí você vê o fundo do mar!)

2 comentários:

Anônimo disse...

amo muito tudo isso vc tem uma maneira tao boa de escrever que nos prende do inicio ao fim amo ler o seu blog nao vejo a hora de vc escrever o proximo capitulo petra to aguardando anciosamente beijoooooooooooooooooos sol

Renata Almeida disse...

eu tive que fazer a traduçao do seu blog para castellano...pq comecei a ter um ataque de riso e af...kkkk tive q explicar ou me achariam mais doida do que já sou!
A viagem de lua-de-mel, daria um livro estilo o livro que eu tô lendo: Comer, Rezar e Amar! kkkkk
Adorando ler sua lua-de-mel!
Beijo